A Geografia é uma ciência dinâmica, que com o passar do tempo e evolução das técnicas tem assumido um papel cada vez mais fundamental para a compreensão do mundo em que vivemos através das transformações espaciais que ocasionamos. Por isso cabe a n´so professores e pesquisadores criar novos espaços para a construção e difusão do conhecimento geográfico.
sábado, 1 de março de 2014
Comitê do Litoral Norte discute gestão de recursos hídricos na cidade de Sapé
Membros do Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Norte se reúnem nesta quarta-feira (26), em Sapé, para discutir gestão participativa dos recursos hídricos.
Na pauta estão a estação de tratamento de efluentes da cidade, a situação do açude São Salvador e a importância do Programa de Consolidação do Pacto Nacional de Gestão das Águas (Progestão) para a gestão dos recursos hídricos. O encontro acontece na Câmara Municipal.
Para o debate, o setor de Mobilização Social da Aesa convidou líderes comunitários e políticos das 51 cidades que integram a bacia. Também foram convidados os 44 membros que compõem o comitê: 20 usuários de água (pessoas físicas ou jurídicas que consomem mais de dois mil litros por hora); 16 representantes da sociedade civil (associações, ONGs, sindicatos) e outros oito defensores do poder público.
“Convidamos representantes de vários segmentos da sociedade para discutir os problemas na área da bacia e apontar soluções. Vamos discutir situações como recuperação de rios, combate aos assoreamentos, desmatamentos e outros problemas ambientais, Além disso, destacaremos a importância do uso racional da água”, elencou o diretor de Gestão e Apoio Estratégico da Aesa, Chico Lopes.
Progestão – A Paraíba foi o primeiro Estado a aderir ao Progestão e receber recursos financeiros para melhoria da gestão dos recursos hídricos. Cada federação tem direito a cinco parcelas de R$ 750 mil, que serão repassados de acordo com o cumprimento das metas estabelecidas pelo programa. O primeiro aporte foi repassado ao Governo do Estado em setembro passado, durante solenidade no Palácio da Redenção, onde o governador Ricardo Coutinho recebeu o presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo.
O programa federal estimula os estados a adotarem várias ações, como: o aperfeiçoamento da rede de monitoramento de rios, formação de banco de dados relativos à disponibilidade hídrica ou emissão de outorga (autorização) para uso dos recursos hídricos, elaboração de estudos e planos de bacia, capacitação ou implantação da cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
Fonte: AESA 26/02/2014
sábado, 23 de junho de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
A BACIA HIDROGRÁFICA ENQUANTO UNIDADE BÁSICA PARA O PLANEJAMENTO AMBIENTAL
A BACIA HIDROGRÁFICA ENQUANTO UNIDADE BÁSICA PARA O PLANEJAMENTO AMBIENTAL
Rafael Fernandes da Silva
geonandes@gmail.com
DGEO/UEPB
Segundo Andreozzi (2005), os rios são marcas na
paisagem e é muito provável que o conjunto de elementos da unidade territorial
representada pela bacia hidrográfica tenha sido uma das primeiras
percepções. As transformações
ocasionadas pelo fluxo hídrico tanto em seu período de cheias, quanto no
período de estiagem, são inevitáveis, bem como seus impactos sobre as
comunidades locais ao longo do curso dos rios.
As bacias hidrográficas estão historicamente
ligadas à humanidade, presentes no cotidiano e representando referências
espaciais. É preciso, no entanto, destacar que as bacias hidrográficas podem
abranger várias regiões, assim como uma região pode conter várias bacias
hidrográficas. O exemplo de regiões definidas por bacias hidrográficas pode
ser: a bacia Amazônica (América do Sul), a bacia Platina (América do Sul), a
bacia do Nilo (África), bacia do Congo (África), bacia Indo-gangética (Índia),
bacia do Tigre e Eufrates (Iraque), a bacia do São Francisco (Brasil), bacia do
Mamanguape (Paraíba) e por último a bacia do Curimataú (Paraíba e Rio Grande do
Norte), que são regiões importantes do ponto de vista geopolítico global, nacional
e local, pois as águas que drenam as áreas por elas percorridas impulsionam o
desenvolvimento das atividades econômicas que proporcionam o desenvolvimento da população que habita em seus espaços.
Guimarães (1993) em seu trabalho sobre a divisão
regional brasileira classifica a bacia hidrográfica como uma das chamadas
unidades elementares para o processo de regionalização. Nesse contexto a bacia
hidrográfica pode ser entendida como unidade fisiográfica que condiciona o
povoamento de determinadas áreas, devido às formas dos rios, os padrões
fluviais e também as formas de relevo que são esculpidas pelos rios.
A discussão sobre a conceituação da bacia
hidrográfica trata de aspectos distintos em relação aos elementos conceituais,
portanto, sendo utilizados termos como bacia de captação, bacia de drenagem,
que estabelecem o mesmo sentido, o da definição da bacia hidrográfica em todo
seu sistema de bacias e sub-bacias.
Christofoletti, em sua obra “Geomorfologia”,
publicada inicialmente em 1974 e posteriormente reeditada, escreve que:
A
drenagem fluvial é composta por um conjunto de canais de escoamento
inter-relacionados que forma a bacia de drenagem. Definida como a área drenada
por um determinado rio ou por um sistema fluvial. A quantidade de água que
atinge os cursos fluviais está na dependência do tamanho da área ocupada pela
bacia, pela precipitação total e de seu regime, e das perdas devidas à
evapotranspiração e à infiltração (CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 102).
Para Guerra (1993) a bacia de drenagem consiste em
um conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes. Nas
depressões longitudinais se verifica a existência do lençol de escoamento
superficial, que resulta no lençol concentrado – os rios. A noção de bacia
hidrográfica obriga naturalmente a existência de cabeceiras ou nascentes,
divisores d’água, curso d’água principal, afluentes, subafluentes, riachos e
pequenos córregos.
Lanna (1995, p. 51) ao escrever sobre bacias
hidrográficas ressalta que:
A bacia hidrográfica pode ser
considerada um quebra-cabeça composto de micro e pequenas bacias, sujeito a
atividades difusas e concentradas, mas que além da complexidade intrínseca da
inter-relação entre as partes e o todo, apresenta variabilidade temporal com os
elementos de imprevisibilidade, ou seja, trata-se de uma quebra-cabeças que
assume configurações distintas e imprevisíveis (LANNA, 1995, p. 51).
Nesta definição estão contidas interessantes
variáveis, como a variável temporal, presente através das dinâmicas que impõem
ritmos diferenciados e não contínuos às relações entre as partes integrantes do
sistema, assim como alerta para a imprevisibilidade sempre presente nestes
sistemas.
A unidade funcional representada pela bacia
hidrográfica pode ser estudada não apenas em seus processos físicos, mas também
pelas relações humanas desenvolvidas nesse meio e a interinfluência dos mesmos.
A bacia de captação é um sistema que tem uma
conformação espacial que lhe confere a possibilidade de encaminhar os fluxos
líquidos (ocorrentes ou não) para um nível de base. A conformação espacial
desta unidade pode ser dividida em subunidades com níveis de base
relacionados, sistema que é fronteiriço
a outros sistemas similares, fazendo parte de um sistema maior. Esta unidade é
construída pela ação das forças endógenas, tais como estrutura geológica,
sistema de aquíferos; e exógenas, pluviometria, composição florestal e as
atividades antrópicas que são responsáveis pela modelagem do relevo terrestre.
A bacia de drenagem pode ser considerada como uma
unidade onipresente na paisagem terrestre, nas muitas variações permitidas
pelas combinações dos elementos responsáveis tanto por sua aparência, quanto
por seus fluxos. Desse modo é possível partir do pressuposto de que toda porção
emersa de terras do globo faz parte de algum tipo de bacia de drenagem.
Troppmair
(1998, p. 4) destaca a importância das relações estabelecidas entre os
elementos para estruturação sistêmica, ao escrever que: “O conjunto
representado por uma bacia hidrográfica é composto por elementos do meio
natural e antrópico, cujos atributos e as relações estabelecidas entre estes
elementos, definem as estruturas do sistema”.
Conforme
Tundisi (2003, p. 24) a bacia hidrográfica pode ser considerada:
A unidade
geofísica bem delimitada presente em todo o território, em várias dimensões,
apresenta ciclos hidrológicos e de energia relativamente bem caracterizados e
integra sistemas a montante, a jusante e as águas subterrâneas e superficiais,
(TUNDISI, 2003, p. 24).
Cabe
ressaltar que mesmo com a possibilidade de isolar a bacia hidrográfica ou mesmo
alguns de seus componentes para estudo, deve-se considerar a sua integração a
outros sistemas, pois a perspectiva sistêmica possibilita estas interações de
funcionamento enquanto todo e enquanto parte. É importante também a inclusão
das águas subterrâneas integradas à bacia hidrográfica pelo ciclo hidrológico,
do qual participam, além de interagirem com outros elementos da bacia.
Rebouças
(2004, p. 76) define esta unidade como sendo:
Um
sistema físico que define uma captação das águas precipitadas da atmosfera,
demarcada por divisores de água ou cristas topográficas onde toda a água que
flui nesta área e converge para um ponto único de saída, “o exutório”, (REBOUÇAS, 2004, p. 76).
Portanto,
bacia hidrográfica é um sistema bem caracterizado, identificado pela entrada e
saída de energia (através da precipitação atmosférica), pela circulação intensa
deste material (o escoamento superficial) e por sua saída (que em um curso superficial
corresponde a sua foz). Este sistema individualizado para facilitar
a análise, pode ser considerado um subsistema, quando inserido em outro
sistema, sendo influenciado e influenciando através dos fluxos que se
estabelecem entre os atributos das bacias e sub-bacias.
O desenvolvimento de
conhecimentos sobre o funcionamento das bacias hidrográficas, de seus atributos
e das relações estabelecidas entre eles, assim como as inter-relações entre
bacias e sua inserção nos sistemas globais, tem demonstrado sua importância
enquanto unidade territorial em todas as escalas.
De
acordo com Brasil (1997), a bacia hidrográfica constitui a unidade territorial
para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, e para tanto se
admite o conceito de que uma bacia de drenagem não compreende apenas rios e
lagos, mas todo recurso hídrico superficial e subterrâneo nela existente. Além
disso, é necessário considerar que o conjunto de fatores naturais e sociais e
atividades humanas que interagem, condicionando a quantidade e qualidade da
água, encontram-se englobados em seu perímetro.
Conforme
Botelho e Silva (2004), a bacia hidrográfica vem sendo utilizada enquanto
unidade de estudo na Geografia Física desde os fins da década de 1960, por ser
esta entendida como célula básica da análise ambiental, permitindo avaliar seus
diversos componentes e os processos de interação que nela ocorrem.
A
bacia hidrográfica denota o conceito de integração ambiental, sendo que o seu
uso e aplicação para estudos que tratem de problemas ambientais são
considerados de fundamental importância, pois a mesma contém informações
físicas, biológicas e socioeconômicas inter-relacionadas (MORAES, 2003, p. 2).
Para
Ross e Del Pette (1998), a bacia hidrográfica não deve ser considerada apenas
em seus aspectos físicos, mas existe a necessidade da elaboração de uma
política que contemple seus aspectos naturais, bem como os aspectos
socioeconômicos, considerando sua
inserção regional e articulação com os problemas de âmbito nacional, pois tais
aspectos não podem ser manejados satisfatoriamente, de maneira isolada e
independente.
A
ideia inserida na afirmação dos autores supracitados consiste no fato de que é
necessário se planejar as ações a serem desenvolvidas em bacias hidrográficas e
ao fazer o planejamento, levar em consideração não apenas os recursos naturais,
mas também os aspectos socioeconômicos, bem como os impactos sobre os
mesmos.
O planejamento ambiental surgiu a partir da
década de 1980 como um mecanismo para orientar as intervenções humanas no meio
ambiente, em função de capacidade-suporte dos ecossistemas. Logo se pode
considerar como planejamento ambiental, toda forma de planejamento que tem por
princípio a valoração e conservação dos recursos naturais como base de
autossustentação da vida e das interações que a mantém – suas relações
ecossistêmicas (FRANCO, 1997).
Segundo
Almeida et. al. (1993), os
pressupostos básicos para o planejamento ambiental são três: princípios da
preservação, recuperação e conservação do meio ambiente. O primeiro princípio
estabelece que os ecossistemas naturais devam permanecer intocados – áreas de
Reserva Biológica e bancos genéticos de interesse com notável potencial.
O
princípio da recuperação é aplicado às áreas ocupadas pela atividade humana,
onde se procura acelerar determinados processos ecológicos ao mantê-los
intocáveis durante certo período de tempo. A conservação ambiental pressupõe o
usufruto dos recursos naturais sem destruir ou depredar a fonte de origem de
alimento ou energia. Nesse contexto o conceito de conservação ambiental está
diretamente ligado ao conceito de desenvolvimento sustentável, enquanto forma
de manter a integridade dos ecossistemas e do planeta.
Segundo
Moraes (2003), para realizar o planejamento de uma bacia hidrográfica torna-se
necessário o levantamento dos atributos físicos da área, tais como, clima,
geologia, relevo, solos, rede de drenagem e cobertura do solo. Mas geralmente
esse levantamento não se encontra disponível, e deve então ser elaborado com a
devida atenção para que se possa garantir um nível de detalhamento equilibrado
entre as variáveis físicas adotadas.
sábado, 12 de maio de 2012
Água: disponibilidade e acesso
Água: disponibilidade e acesso
Rafael Fernandes da Silva
geonandes@gmail.com
UEPB
A água em virtude de suas características de
renovação no sistema natural foi considerada no passado um recurso inesgotável,
porém, a partir da década de 1970 se desperta para uma tomada de consciência
com o advento de uma crise ambiental ocasionada pelo excesso na utilização dos
recursos naturais, que vem se agravando nas últimas décadas e certamente
compromete as décadas vindouras. Como exemplo, podem ser mencionadas regiões da
superfície terrestre como o Oriente Médio e a África (CAPAZOLI, 1998, p.10).
Segundo Rebouças (2002, p. 01), a água doce é o
elemento essencial ao abastecimento do consumo humano e do desenvolvimento de
suas atividades industriais e agrícolas e é de importância vital aos
ecossistemas.
Por ser um recurso essencial à vida, as questões
sobre disponibilidade total e acesso, bem como dos conflitos em torno do uso da
água, têm sido temáticas bastante abordadas nessa primeira década do século
XXI. Aliada a essas temáticas, aborda-se ainda a questão do crescimento
populacional e do desenvolvimento industrial, que dependem da sua exploração.
De acordo com a UNITED NATIONS EDUCATIONAL,
SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION – UNESCO ou (Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura), o consumo de água em todo o mundo
atualmente está em torno de 6 mil Km³, para abastecer uma população l que
ultrapassa os 6 bilhões de habitantes. O aumento do consumo duplicará nos
próximos 35 anos, chegando ao limite da disponibilidade da água. Atualmente,
perto de 70% da água do mundo é utilizada para a agricultura (QUADRADO &
VERGARA, 2003, p. 45).
A superfície do planeta Terra está quase totalmente
coberta por água: água dos oceanos, dos rios, lagos, arroios e sangas, das
calotas polares e da chuva. A estimativa é que o total de água no mundo é de
1,4 bilhão km³, onde 97,4% são de águas salgadas e que limitadamente podem ser
usadas pelos seres humanos. O reduzido percentual de apenas 2,6% é constituído
de água doce dos rios, lagos e aquíferos (VICTORINO, 2007, p.16).
O Brasil tem posição privilegiada no mundo em
relação à disponibilidade de recursos hídricos. A vazão média anual dos rios em
território brasileiro é de cerca de 180 mil metros cúbicos por segundo (m³/s)
Para efeito de comparação, tal volume de água é equivalente ao conteúdo somado de
72 piscinas olímpicas fluindo a cada segundo. Este valor corresponde a
aproximadamente 12% da disponibilidade mundial de recursos hídricos, que é de
1,5 milhões de m³/s. Se forem levadas em conta as vazões oriundas de território
estrangeiro e que ingressam no país (Amazônica, 86.321mil m³/s; Uruguai, 878
m³/s e Paraguai, 595 m³/s), a vazão média total atinge valores da ordem de 267
mil m³/s, ou seja, cerca de 18% da disponibilidade mundial (GEOBRASIL RECURSOS
HÍDRICOS, 2007, p.19).
Apesar da situação do Brasil em relação à
disponibilidade hídrica ser considerada privilegiada, a água existente em
nossas reservas superficiais e nos aquíferos possui distribuição espacial
desigual, além de uma crescente demanda pela sua utilização, e constitui a
principal problemática dos conflitos pela disponibilidade e seu uso em nossa
sociedade.
Segundo
a o relatório sobre a Conjuntura dos Recursos Hídricos do Brasil elaborado pela
Agência Nacional de Águas (2009), dos 18% disponíveis no Brasil, cerca de 73,6%
correspondem à Região Amazônica, região que abriga a maior bacia hidrográfica
do Mundo, cerca de 23,7% correspondem às demais regiões, e dentre elas a região
Nordeste é reconhecida por seu déficit hídrico, resultante de fatores físicos e
sociais, tais como a combinação entre os períodos de seca, estrutura geológica
e o mau uso da água.
De acordo com dados da Agência Nacional de Águas
(ANA – 2009), o Nordeste está subdividido nas regiões hídricas da bacia
atlântico nordeste oriental, atlântico nordeste ocidental, atlântico leste,
Parnaíba e São Francisco, com uma disponibilidade de cerca de 3 a 4% dos
recursos disponíveis no país. A Paraíba apresentou no
período de 2003 a 2008 uma variação negativa de 13%, a maior durante o período,
seguida pelo Rio Grande do Norte, com uma redução de 11% na disponibilidade
hídrica total no período analisado.
Entre
os trabalhos realizados sobre a disponibilidade e acesso à água na Paraíba,
Brito (2008) destaca a região do Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), localizado
na Bacia do Rio Paraíba, como região de conflito por água, uma vez que se
caracteriza a disputa pela demanda da água para os diversos usos, desde o
abastecimento humano e animal até a produção industrial e agrícola.
Ainda
sobre a questão de acesso à água, Lima (2009) cita a questão do Canal da
Redenção, localizado no Sertão da Paraíba, que compõe o sistema de interligação
Coremas/Mãe D’água. Nesta situação é analisada a disponibilidade de água para a
agricultura familiar e manutenção dos assentamentos agrários e a negociação
desse recurso no mercado do hidronegócio, fator que caracteriza o ponto de
conflito entre o direito de acesso à água pelos pequenos agricultores e a
retenção desse direito pelos grandes latifundiários, que monopolizam e
controlam o acesso às terras próximas aos pontos de captação de água.
A
partir desse aspecto, foi realizada a caracterização das relações de conflito
entre os tipos de uso e ocupação do espaço geográfico da BHRC, no intuito de
identificar e caracterizar as zonas ou regiões onde ocorre o uso racional dos
recursos hídricos e as zonas de mau uso, e a partir desses dados poder realizar
uma discussão teórica que possa contribuir para seu gerenciamento de modo a
atingir o desenvolvimento sob a lógica da sustentabilidade ambiental.
DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CALABOUÇO – PB/RN
DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CALABOUÇO – PB/RN
SILVA, Rafael Fernandes da.
LIMA, Eduardo Rodrigues Viana de.
eduvianalima@gmail.com
ARRUDA, Luciene Vieira de.
luciviar@hotmail.com
Resumo
Este trabalho
apresenta o diagnóstico socioambiental da bacia hidrográfica do rio
Calabouço-PB/RN, com destaque para as questões socioambientais. Teve por
objetivo a realização de uma análise das condições geoambientais, (geologia,
geomorfologia, clima e hidrografia, solos e biodiversidade), O embasamento teórico constitui-se
das questões voltadas para a disponibilidade e acesso à água, da conceituação
da bacia hidrográfica enquanto unidade básica para o planejamento ambiental e
do desenvolvimento e sustentabilidade, A metodologia utilizada estruturou-se em
duas partes, a primeira conceitual refere-se à abordagem Teoria Geral dos
Sistemas aplicada em estudos ambientais. A segunda parte tratou dos
procedimentos técnicos desta pesquisa, que contou com a utilização da ficha de
caracterização do meio físico, e do Sistema de Processamento de Imagens
Georreferenciadas (SPRING). A bacia hidrográfica do
Rio Calabouço (BHRC)-PB/RN, está localizada entre coordenadas de 6º 24’ 53’’ e
6º 39’ 49’’ de latitude S, 35º 26’ 16” e 35º 49’ 49” de
longitude W, possui área de aproximadamente 688 km², numa zona de
intersecção entre a região do Agreste Paraibano e Agreste Potiguar. A estrutura
geológica da BHRC é marcada por três conjuntos: as formações do Cenozoico
representa 6%, as formações do Neoproterozoico constitui 18,5% e as formações
do Paleoproterozoico, representadas pelo Complexo Santa Cruz com percentual de
53,7% e pelo Complexo Serrinha-Pedro Velho com apenas 22%. A geomorfologia é constituída por
um horste das serras de Araruna e da
Confusão que contrasta com o gráben
da depressão do Curimataú, correspondente a uma fossa tectônica resultante de
falhamentos, cuja altitude média de 300 metros, e desníveis de 300 metros entre
a baixada e os topos mais elevados das serras vizinhas. Esta bacia hidrográfica
apresenta clima de transição, As’– tropical quente e úmido, com verões quentes
e chuvosos e inverno frio e seco e período de estiagem até seis meses, médias
pluviométricas entre 800 mm e 1500 mm, e Bsh – clima semiúmido, de média
pluviosidade entre 500 mm a 800mm anuais.
A interação entre clima e geologia proporcionou a BHRC a disposição de
uma drenagem em padrão dendrítico, conforme os estudos sobre bacias
hidrográficas de CHRISTOFOLETTI (1986). A hierarquia fluvial a BHRC apresenta
uma área drenada por rios de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª ordens, sendo a 1ª ordem composta
por 55 canais, a 2ª ordem por 22 canais, a 3ª ordem por 8 canais e a 4ª ordem
por apenas 1 canal, que consiste na área drenada pelo rio principal, o Rio
Calabouço. Os resultados obtidos constatam que a BHRC encontra-se muito afetada
em toda sua extensão, pelos impactos da antropização em áreas que deveriam ser
preservadas, que estão ocupadas por atividades como a agricultura, pecuária,
turismo e urbanização. A partir desses elementos observa-se em vários casos, a
falta de eficiência na aplicação da Política Nacional dos Recursos Hídricos,
daí a necessidade de se estabelecer uma discussão em torno das ações exercidas
pela sociedade e dos seus impactos na construção e integração espacial da BHRC
– PB/RN.
Palavras-chave: Bacia Hidrográfica – Planejamento Ambiental –
Recursos Hídricos.
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